segunda-feira, 29 de outubro de 2007

A vida dos outros


Vi este fim-de-semana o filme que ganhou o Óscar para melhor estrangeiro em 2007. A vida dos outros tem como pano de fundo uma guerra fria já em fim de festa, com a “Stasi”, a polícia politica da RDA, ainda muito incisiva na vida íntima das pessoas suspeitas de rebeldia ao sistema instalado. O ambiente “cinzento” que o filme tão bem transmite, confere o espírito amordaçado que vivia então a Alemanha Oriental. E, como é costume nestes casos, não faltam os políticos abusadores da ideologia, que usam as mais reprováveis influências em proveito próprio.

Numa altura em que tanto se fala de “escutas”, é bom que estes filmes sirvam para relativizar aquilo que de hoje se fala, onde toda a gente se deu à vaidade de se achar importante quanto baste para ser escutado.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Profissionalismo


O Português tem opinião sobre tudo. Sobre o que conhece e sobre aquilo que nem faz ideia do que é. Faz parte da nossa natureza tomar os próprios palpites como verdades supremas. Principalmente quando, se estivermos errados, não tivermos que pagar nada por isso.

Mas há algo em que eu, comum dos mortais, me sinto no direito de opinar. Na qualidade da intervenção do director nacional da PJ – Alípio Ribeiro - ontem na RTP. Pode o homem, não ter a eloquência dos antecessores, pode não ter a facilidade de comunicar ante as câmaras que outros têm. Mas sabe muito bem defender a instituição que lidera com o rigor que se lhe exige. Não cedeu nunca à tentação de contra atacar a imprensa inglesa que tanto o atestou de incapaz, defendeu a policia britânica como se deve defender um parceiro, optou sempre por um discurso apaziguador e profissional nunca recorrendo a “chavões” apelativos. E quando finalmente os jornais de Inglaterra admitem alguma que a investigação pode estar a ir no caminho certo, ele recusa o “bouquet de flores”, uma vez mais em nome da do rigor e da verdade, dizendo que também não pode garantir a cem por cento ter a prova conclusiva. Não sei como vai ficar a PJ na fotografia no final deste processo. Mas é certo que foi representada de uma forma incontestavelmente correcta.

sábado, 8 de setembro de 2007

Café del mar - Em busca do por do sol

Na segunda metade da década de 90 não estava muito atento às actualizações que a música dava ao mundo. Os meus conhecimentos do que se fazia, parou nas bandas que foram surgindo até 95, como os Skunk Anansie ou os Smashing Pumpkins. O “Chillout” passou-me completamente ao lado. Mas recentemente, através da internet e da blogosfera, conheci as compilações do “Café del Mar”. O tal bar de Ibiza que leva lá muita malta a fazer lembrar o “flower power” dos idos 60. São ritmos calmos, óptimos para dar ambiente em momentos passados de forma tão diferente como a trabalhar ou numa festa.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Os pais dos outros - Romana Petri


Dos textos e músicas que li e ouvi, alguns gostava de ter sido eu a criar. Como alguns conselhos que gostaria mais tarde de dar às minhas filhas.

“Tenho uma coisa para te dizer, para ti não é urgente, mas para mim é. Um dia vais ser mulher e ocupar o teu lugar no círculo da vida. Um dia, vais escolher um homem e talvez antes de escolheres um certo vais escolher muitos outros. És tu quem deverá escolher e eu não poderei fazer nada mas quero que saibas desde já uma coisa. Homens há muitos, mas dividem-se em apenas em duas categorias: os corajosos e destemidos e, do outro lado, os grandes cobardes. Para perceber a que grupo pertence cada um deles é fácil, basta saber o seguinte, o cobarde é furibundo dentro de casa porque rejeita qualquer desafio e trata a mulher e os filhos como uma prova contínua da sua coragem inexistente; ao passo que o verdadeiro corajoso, com as pessoas que lhe são queridas é carinhoso e justo porque não tem medo de nada no mundo e desafoga sempre fora de casa a sua fúria, e sempre com quem é forte como ele ou quem lhe é superior em força. É isto que eu te peço, que escolhas apenas homens de grande coragem, porque se caíres nas mãos de um cobardolas, não conseguias impedir a minha intervenção, e contando que to tire da frente é até possível que o mate."

Romana Petri - Os pais dos outros

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Chávez e a sua Democracia - JN


Fazendo uso das palavras de Mário Soares, o seu mais recente defensor público, Chávez deve considerar o bio-combustivel, com um tumor a ser extirpado. Pudera!!!!

terça-feira, 17 de julho de 2007

A Ibéria só existia nos livros do Asterix


Saramago, brindou-nos com mais uma provocação barata. Apesar de lhe reconhecer genialidade na escrita, já não há pachorra para divagações como a entrevista ao Diário de Noticias. E encontrei num blog espanhol, exactamente aquilo que eu penso que os Espanhóis pensam de nós:

“Personalmente pienso que este señor, por muy Premio Nobel que sea, le esta afectando el paso de los años (ya tiene una edad) y esta desvariando.

Simplemente es una barbaridad todo eso que dice pues, en primer lugar, ya tenemos en España suficientes problemas sociales y diferencias entre regiones (o naciones, como algunos pretenden llamarlas ahora) como para que tengamos que pelearnos con diez millones de personas mas. Ademas pretende que, por ser la "comunidad" de mayor poblacion y superficie, tendría algo más de ventajas sobre las comunidades actuales (lo que nos faltaba).

Desde luego, Portugal saldría beneficiada sobre todo a nivel económico y España podría tener una mayor relevancia a nivel internacional... y tendría toallas mas baratas. “

sábado, 7 de julho de 2007

Maria Bethania - Casinha Branca

Na passada 3ª feira estive no coliseu do Porto no concerto da Bethania. Assistir à actuação de uma diva destas, é um privilégio que fica.

Completamente inesquecível – O Caçador (1978)

O Caçador - Roleta Russa

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Eu, etiqueta

Numa grande viagem de autocarro que fiz pelo sul da Europa, já lá vão 17 anos, conheci uma pessoa que logo a seguir a se ter licenciado no Brasil em Literatura, veio para a Universidade de Letras desenvolver um trabalho em conjunto com estudantes portugueses da mesma área do saber. Numa linguagem pouco técnica, para que eu entendesse, contou-me de sua estranheza pelo facto de os Portugueses chamarem “Estudo de Literatura Contemporânea” à análise de textos de escritores como Eça, Julio Dinis e Camilo. No Brasil, dizia, os módulos de ensino com semelhantes títulos, incidem sobre autores muito mais actuais e sobre temas muito mais “vivos”. Não tenho conhecimentos do ensino das letras em Portugal para comentar essa afirmação, até porque as mesmas servem-me de lazer e não de trabalho. Mas ao encontrar há dias, este poema do Carlos Drummond de Andrade dito pelo Paulo Autran, lembrei-me do que foi dito.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Chabon e Eugenides, para se ler no verão

Alguns escritores americanos de uma nova geração, têm sido muito bem sucedidos e premiados ao escreverem argumentos simples, com a História dos Estados Unidos como pano de fundo. Comprova esta ideia o Pulitzer para ficção de 2001 ganho pelo Michael Chabon com "As Espantosas Aventuras de Kavalier & Clay" e o de 2003 ganho pelo Jeffrey Eugenides com “Midlesex”. Não são leituras complexas ou exigentes. As narrativas são envolventes e viciantes, por seguirem permanentemente direcções que o leitor não espera.

"As Espantosas Aventuras de Kavalier & Clay", fala da época de ouro das bandas desenhadas. Nessa altura, os americanos assistiam a Segunda Guerra Mundial do lado de fora, apesar de já se ouvirem muitas vozes pró-intervenção, em especial na comunidade judaica de Nova York. Os “Super Heróis” da BD, combatiam os nazis, e poupavam o mundo desse flagelo. Quem mais prosperava com o sucesso comercial desses desenhos não eram os seus criadores, mas sim alguns editores que viam os volumes de vendas subirem para valores nunca atingidos pela “literatura convencional”. Neste caso, os criadores são dois primos de ascendência judia, um deles (Sam Clay) é nascido e criado em Brooklyn, o outro ( Joe Kavalier ) chega a Nova Iorque por força da invasão de Praga pelas tropas do terceiro reich. Inspirados na evasão de Kavalier, criam “ O Escapista”, personagem que no início da década de 40 rivaliza com o “Super Homem” no mercado das histórias aos quadradinhos.

“Middlesex”, de Jeffrey Eugenides, é das melhores coisas que li nos últimos anos. Pelo que pesquisei do autor, a personagem central, Cal Stephanides, assemelha-se em muitos aspectos ao seu criador. Excepto num pormenor que acaba por condimentar todo o romance – trata-se de um(a) hermafrodita. Ao entrar na adolescência começa a viver da pior forma os primeiros sintomas da sua “anormalidade”. O encantador enredo da família Stephanides, desde Desdémona (A avó de Cal) desenvolve-se ao longo de mais de quinhentas páginas, de pura competência escrita. Eugenides escreveu também “As Virgens Suicidas”, tão bem adaptado ao cinema por Sophia Coppola. É de contar que “Middlesex”, passe brevemente à tela.

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Babel

Nos filmes, nas séries e nos livros deste início de século, reparei numa espécie de moda, um pensamento muito presente nos realizadores e escritores que hoje são mais badalados. Falo do exponencial impacto, das acções individuais.

Levá-lo ao absurdo, é a melhor forma de exprimir o conceito – “ O Bater de asas de uma borboleta na china, causa um furacão na América.” – The Butterfly Effect – a teoria do caos.

Sempre tivemos a consciência de que, com as nossas acções, influenciamos os outros, na forma como pensam ou como agem. Babel revela que num mundo globalizado, esse impacto atravessa todo o planeta. A simples venda de uma arma em Marrocos tem implicações dramáticas, em lugares desmedidamente distantes. Efeitos nefastos, filmados com a genialidade que González Iñárritu já tinha demonstrado em 21 gramas. Este realizador mexicano, volta com este filme ao modelo de histórias entrelaçadas, já usado em “Amores Perros”, antes da americanização.

O mundo ainda não segue um trilho que Aldous Huxley vaticinou, na década de 30. Os seus habitantes ainda não são gerados em laboratório e condicionados à nascença. Mas são influência intensa e permanente no comportamento dos outros. Como referiu o próprio Iñárritu – “Existe un momento preciso en el que cambia la vida de alguien”


segunda-feira, 28 de maio de 2007

Estas nem o vento as leva - Albert Einstein


O único sitio onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Brothers & Sisters


Inicialmente, interessou-me nesta série das sextas feiras na 2:, a reciclagem da Calista Flockhart que já se arrastava, pela enésima reposição do Ally Mc Beal. Aparece agora no papel de uma republicana pseudo-conservadora, com mais rugas e menos graça.

A história anda à roda de uma família abastada da Califórnia, de repente sem o seu patriarca e confrontada com problemas para os quais não estava preparada, alguns da própria família, outros da conjuntura política dos EUA pós 11 de Setembro, que levou às intervenções do Afeganistão e Iraque.

Desengane-se quem associe este enredo a um "Dallas", versão século XXI. Os episódios são ricos em diálogos inteligentes que quando vão a cair na “lamechice”, são trespassados por “pedaços” de humor irresistível.

Não será com certeza, a série de culto que se tornou 7 palmos de terra, mas promete bons momentos. Um deles já na passada semana – Há quanto tempo eu não ouvia o “You shook me all night long” dos AC/DC !!

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Estas nem o vento as leva - Freiherr von Hardenberg



Quando vires um gigante, olha bem para o sol, não vá ser a sombra de um anão.


Freiherr von Hardenberg - Poeta Alemão.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Crescer é fazer sempre melhor


O meu melhor livro é o que estou a escrever; segue-se-lhe imediatamente o último publicado, mas preparo-me aos poucos pra brevemente o detestar. Se os críticos hoje o acham mau, talvez me firam com isso, mas dentro de seis meses não estarei longe de partilhar da mesma opinião. Com uma condição, no entanto: por mais pobre e mais nula que julguem a obra, quero que a coloquem acima de tudo quanto produzi antes dela; consinto que o lote seja depreciado, desde que se mantenha a hierarquia cronológica, a única que me preserva a possibilidade de amanhã fazer melhor, depois de amanhã melhor ainda e de acabar por uma obra-prima.

Jean-Paul Sartre – As palavras

terça-feira, 15 de maio de 2007

Darfur Genocide

Ontem no “prós e contras” da RTP, comparou-se a cobertura jornalística do drama da menina desaparecida no Algarve, com a do genocídio do “Darfur”. Numa altura em que legitimamente criticamos a natureza “rasca” de alguma imprensa inglesa, honra seja feita a um outro jornalismo praticado em algumas cadeias de grande dimensão como a SKY a BBC ou a CNN. É que nestes canais imagens como estas não são relegadas para o fim dos noticiários depois das notícias da bola e da floribela.

domingo, 13 de maio de 2007

O Beijo de Gustav Klimpt


Li algures, que um pintor alemão chamado Anslem von Feuerb, uma vez disse que para se apreciar um quadro, são precisas muitas coisas, a primeira das quais uma cadeira.


Essa reflexão, adapta-se mesmo àqueles que, como eu, vão às exposições desprovidos de saber, mas com muita vontade de aprender.


É então altura de activar o nosso dispositivo gerador de paciência, e de preferência ligar o Audioguia , que começa a despejar informação.


Foi assim que recentemente aprendi sobre a obra de Gustav Klimpt e o movimento de secessão de Viena.


É consensual que a obra mais conhecida de Klimpt é “O Beijo”. Este quadro foi pintado no início do século XX, e foi tido como um dos mais importantes contributos à arte moderna. Ficou para a história como um grande símbolo da secessão austríaca. O prado que serve de fundo aos amantes (titulo original da obra), termina abruptamente, dando a ideia de um precipício. A mulher tenta evitar esse precipício com a posição do seu corpo. Procura afastar-se do homem com os braços. O Homem abraça fortemente a mulher. O precipício, ao que dizem, simboliza a tempestuosa relação que Klimpt mantinha com
Emile Flöge. Técnicamente, o quadro inova a arte tradicional, até então exercida, pela bidimensionalidade. Como se de um mosaico se tratasse.


Por aí em diante, um quadro que inicialmente nem me causou grande impacto, deu-me uma história a conhecer e gravou-se-me na memoria. Está no palácio Belvedere em Viena. E como outros do mesmo pintor, merece bem lá ser visto.

sexta-feira, 20 de abril de 2007

A ancestral importância de ser visto


Meus caros. Quem quiser ficar na fotografia, passe para este lado da mesa.

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Estas nem o vento as leva - Friedrich Nietzsche

A música oferece às paixões o meio de obter prazer delas.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

O Bom Nome


É habitual, quando vemos um filme do qual já lemos o livro, dizermos que o último é melhor. Normalmente, a ideia surge-nos porque no livro absorvemos a história pela nossa própria versão, e não pela de um realizador, por mais meritória que esta seja. Só que muitas vezes o realizador, ou a pessoa que adapta a narrativa ao ecrã, conhece de perto não só a obra, como muitas vezes o próprio escritor e todas as suas vivências e sentimentos. Deve ser o caso de Mira Nair e Jhumpa Lahiri. A primeira pegou num texto notável escrito pela segunda, naquilo que a simplicidade tem de notável, e acresceu outros condimentos que fazem de "O Bom Nome" um filme que não devo esquecer tão cedo.

Ashoke e Ashima, casam de acordo com os conceitos indianos do matrimónio. Antes disso nem se conhecem. Mas não importa para o caso. Porque assim que largados em Nova York, rapidamente são um para o outro. E amam desde logo os seus filhos que nascem desenraizados a tudo o que é importante para eles. É então que se desenvolve toda a história centrada no filho mais velho. Sai de casa rejeitando o próprio nome e tudo o mais que os pais lhe deram. Volta mais tarde percebendo que já não pode viver sem isso.

Se facilmente a sociedade molda o nosso comportamento individual e formarmos a nossa personalidade à sua conveniência, mais para a frente na nossa vida, voltamos sempre ao lugar onde nos sentimos confortáveis – nós próprios. Seja em Nova York ou Calcutá.

E por muito boa capacidade que tenhamos em imaginar as personagens de acordo com a nossa versão, dificilmente nos ocorreria um Ashoke de olhar tão doce, ou uma Ashima tão perfeita.

terça-feira, 10 de abril de 2007

A Vaidade


"A vaidade é a mais devastadora, a mais universal e a mais inextirpável de todas as paixões que afligem a alma humana; e é ainda vaidade o querer negar o seu poder. É mais absorvente que o amor. Com a idade, podemos libertar-nos das garras deste, mas os anos não têm poder de arrancar-nos à tirania da vaidade. O tempo alivia as penas do amor, mas somente a morte pode curar as feridas angustiosas da vaidade. O amor é simples e não procura subterfúgios; a vaidade, porém , dissimula-se sob mil máscaras. É parte e parcela de toda a virtude; sem ela, não há coragem, como não há ambição. É ela que dá consistência aos amantes e impassibilidade aos estóicos. É ele que entretém no artista o desejo da da glória e compensa o homem honrado dos sacrifícios que a probidade lhe impõe. Mira-se até cinicamente, na humildade dos santos. Ninguém escapa ao seu domínio, e até no esforço que fazemos para nos libertarmos dela, acha sempre meio de nos atingir. Não é possível haver defesa, porque ignoramos o ponto fraco sobre qual vai desfechar-se o ataque. Nem a sinceridade protege contra os ardis da vaidade."

Somerset Maugham - O agente Britânico.

quinta-feira, 5 de abril de 2007

O Silêncio de Praga

Praga é como um banho de civilização. Mesmo com o nosso corpo, a climas do sul habituado, sentimos a cada saída do hotel, que vai valer a pena mergulhar mais uma vez no frio.


“O silêncio de Praga é mais uma presença que uma ausência. Os sons do tráfego, as vozes das ruas, os toques dos sinos e o bater de inúmeros relógios públicos, tudo ressoa contra a quietude dominante como se contra uma vidraça alta e clara ressoasse.”

Joohn Banville – Imagens de Praga


E se associar esta imagem ao “Silêncio de Praga” pode parecer paradoxal, na verdade não é. Mais uma vez o silêncio é uma presença. Como se toda a cidade velha se calasse, para ouvir o velho saxofonista.

sexta-feira, 30 de março de 2007

Estas nem o vento as leva - José Saramago

Há coisas que são tanto aquilo que são que não necessitam que as expliquemos.

A caverna

Um toque de Canela




Se nada mais se mostrasse, bastava a gula para nos mantermos sentados. A mesma gula que me traz à memória os baldes de chocolate mexidos pela Juliette Binoche, ou os pratos requintados dos banquetes do século XIX na “Idade da Inocência”.

“Um toque de canela” não tem pretensões a obra-prima, até porque o conteúdo, assente na infância revisitada, não é inovador. Já foi filmado em várias ocasiões, a melhor das quais no “Cinema Paraíso”.
O encanto que estes países mediterrâneos emanam, está todo lá. Istambul é homenageada de forma única. O protagonista “Fanis”, levava em Atenas a vida que escolheu, mas temia voltar à Turquia, com medo de não conseguir voltar da que não escolheu.

Ora triste ora alegre, é muito recomendável.

quarta-feira, 21 de março de 2007

O velho cemitério judaico

No Outono de 2005, conheci a cidade de Praga, e nela o bairro judeu, e nele o velho cemitério judaico. Como outros, este lugar causa impressões que por não serem de fácil descrição, cedo são esquecidas. Valha-nos então a mestria de grandes escritores como o Elias Canetti, - As vozes de Marraquexe.

“ O cemitério lembrava uma enorme lixeira. Talvez o tivesse sido e só mais tarde lhe houvessem dado o seu verdadeiro destino. Nada naquele lugar se salientava. Pedras que se viam, ossos que se imaginavam… Tudo, tudo jazia! Não era agradável andar por ali de pé a ponto de nos tomar uma sensação que não só nos diminuía como até parecia cobrir-nos de ridículo. Em muitos outros sítios do mundo, os cemitérios estão arranjados de maneira a proporcionarem felicidade aos vivos. Há neles tanta vida, tantas plantas, tantos pássaros, que o visitante, só ele vivo entre tantos mortos, sente-se animado e reconfortado, digno de ser invejado. Nas campas lê nomes de pessoas. A cada uma dessas pessoas, sobreviveu. Sem sequer o confessar a si próprio, parece-lhe nesse momento, que é como se os tivesse vencido a todos, um após outro! “

“ Naquele deserto cemitério judaico não há nada! Ele é a sua própria verdade, na sua paisagem lunar. Ao visitante é-lhe completamente indiferente o lugar onde cada pessoa está enterrada. Não se curva. Não procura decifrar nomes. Estão todos ali como lixo e só desejaríamos escaparmo-nos daquele lugar, tão cobardemente como um chacal! É o deserto dos mortos, sobre o qual nada nasce. È o último de todos os desertos.

terça-feira, 20 de março de 2007

Estas nem o vento as leva - Leo Tolstoi

A Felicidade não é fazer os que se quer mas sim querer o que se faz

sexta-feira, 16 de março de 2007

Estas nem o vento as leva - Francis Bacon

Não há comparação entre o que se perde por fracassar e o que se perde por não tentar

My litle Kermit


Kermit the frog

Chegado à blogosfera, criado o blog, é um bom começo explicar a razão do seu nome. O autor tem 34 anos e como muitos que nasceram na mesma altura, recorda com alguma nostalgia os anos 80 tanto naquilo que a época teve de bom, de muito bom, de mau e de horrendo. E quem sente essa nostalgia recorda com frequência muitas coisas que só por si eram capazes de nos por a falar durante tardes inteiras: - Os anjos de charlie, a TV Europa, a Telescola e professor de francês, a Heidi, o Marco, os táxi e o disco Cairo que era vendido numa lata, e o Show dos Marretas onde a fabulosa diva Miss Piggy morria de amores pelo director do espectáculo – Kermit the Frog. Nessa altura cantávamos o primeiro verso do genérico dos marretas, o resto era na-na-na-na … Hoje até sabemos mais da letra. Mas já não é a mesma coisa…