segunda-feira, 16 de abril de 2007

O Bom Nome


É habitual, quando vemos um filme do qual já lemos o livro, dizermos que o último é melhor. Normalmente, a ideia surge-nos porque no livro absorvemos a história pela nossa própria versão, e não pela de um realizador, por mais meritória que esta seja. Só que muitas vezes o realizador, ou a pessoa que adapta a narrativa ao ecrã, conhece de perto não só a obra, como muitas vezes o próprio escritor e todas as suas vivências e sentimentos. Deve ser o caso de Mira Nair e Jhumpa Lahiri. A primeira pegou num texto notável escrito pela segunda, naquilo que a simplicidade tem de notável, e acresceu outros condimentos que fazem de "O Bom Nome" um filme que não devo esquecer tão cedo.

Ashoke e Ashima, casam de acordo com os conceitos indianos do matrimónio. Antes disso nem se conhecem. Mas não importa para o caso. Porque assim que largados em Nova York, rapidamente são um para o outro. E amam desde logo os seus filhos que nascem desenraizados a tudo o que é importante para eles. É então que se desenvolve toda a história centrada no filho mais velho. Sai de casa rejeitando o próprio nome e tudo o mais que os pais lhe deram. Volta mais tarde percebendo que já não pode viver sem isso.

Se facilmente a sociedade molda o nosso comportamento individual e formarmos a nossa personalidade à sua conveniência, mais para a frente na nossa vida, voltamos sempre ao lugar onde nos sentimos confortáveis – nós próprios. Seja em Nova York ou Calcutá.

E por muito boa capacidade que tenhamos em imaginar as personagens de acordo com a nossa versão, dificilmente nos ocorreria um Ashoke de olhar tão doce, ou uma Ashima tão perfeita.

1 comentário:

Anónimo disse...

"There's no place like home"!Quem disse isto tem muita razão... uma versão moderna da passagem bíblica do filho pródigo.Este filme revelou-se mais belo do que eu pensava que seria.
Além disso, não há melhor forma para dizer que não podemos fugir às nossas origens.