terça-feira, 10 de abril de 2007

A Vaidade


"A vaidade é a mais devastadora, a mais universal e a mais inextirpável de todas as paixões que afligem a alma humana; e é ainda vaidade o querer negar o seu poder. É mais absorvente que o amor. Com a idade, podemos libertar-nos das garras deste, mas os anos não têm poder de arrancar-nos à tirania da vaidade. O tempo alivia as penas do amor, mas somente a morte pode curar as feridas angustiosas da vaidade. O amor é simples e não procura subterfúgios; a vaidade, porém , dissimula-se sob mil máscaras. É parte e parcela de toda a virtude; sem ela, não há coragem, como não há ambição. É ela que dá consistência aos amantes e impassibilidade aos estóicos. É ele que entretém no artista o desejo da da glória e compensa o homem honrado dos sacrifícios que a probidade lhe impõe. Mira-se até cinicamente, na humildade dos santos. Ninguém escapa ao seu domínio, e até no esforço que fazemos para nos libertarmos dela, acha sempre meio de nos atingir. Não é possível haver defesa, porque ignoramos o ponto fraco sobre qual vai desfechar-se o ataque. Nem a sinceridade protege contra os ardis da vaidade."

Somerset Maugham - O agente Britânico.

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