Numa grande viagem de autocarro que fiz pelo sul da Europa, já lá vão 17 anos, conheci uma pessoa que logo a seguir a se ter licenciado no Brasil em Literatura, veio para a Universidade de Letras desenvolver um trabalho em conjunto com estudantes portugueses da mesma área do saber. Numa linguagem pouco técnica, para que eu entendesse, contou-me de sua estranheza pelo facto de os Portugueses chamarem “Estudo de Literatura Contemporânea” à análise de textos de escritores como Eça, Julio Dinis e Camilo. No Brasil, dizia, os módulos de ensino com semelhantes títulos, incidem sobre autores muito mais actuais e sobre temas muito mais “vivos”. Não tenho conhecimentos do ensino das letras em Portugal para comentar essa afirmação, até porque as mesmas servem-me de lazer e não de trabalho. Mas ao encontrar há dias, este poema do Carlos Drummond de Andrade dito pelo Paulo Autran, lembrei-me do que foi dito.
quarta-feira, 20 de junho de 2007
quarta-feira, 13 de junho de 2007
Chabon e Eugenides, para se ler no verão
Alguns escritores americanos de uma nova geração, têm sido muito bem sucedidos e premiados ao escreverem argumentos simples, com a História dos Estados Unidos como pano de fundo. Comprova esta ideia o Pulitzer para ficção de 2001 ganho pelo Michael Chabon com "As Espantosas Aventuras de Kavalier & Clay" e o de 2003 ganho pelo Jeffrey Eugenides com “Midlesex”. Não são leituras complexas ou exigentes. As narrativas são envolventes e viciantes, por seguirem permanentemente direcções que o leitor não espera.
“Middlesex”, de Jeffrey Eugenides, é das melhores coisas que li nos últimos anos. Pelo que pesquisei do autor, a personagem central, Cal Stephanides, assemelha-se em muitos aspectos ao seu criador. Excepto num pormenor que acaba por condimentar todo o romance – trata-se de um(a) hermafrodita. Ao entrar na adolescência começa a viver da pior forma os primeiros sintomas da sua “anormalidade”. O encantador enredo da família Stephanides, desde Desdémona (A avó de Cal) desenvolve-se ao longo de mais de quinhentas páginas, de pura competência escrita. Eugenides escreveu também “As Virgens Suicidas”, tão bem adaptado ao cinema por Sophia Coppola. É de contar que “Middlesex”, passe brevemente à tela.